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A eternidade cabe numa fotografia!

O que podemos definir como eternidade? O que podemos definir como eterno? Quais coisas da vida podem representar a eternidade? Acho que tudo é muito relativo quando se trata de eternidade. O que representa eternidade para mim pode não representar para você. A sensação de eternidade, as coisas que podem passar esta sensação de eternidade, são subjetivas e mudam de pessoa para pessoa, de pensamento para pensamento. Eu, por exemplo, gosto muito da definição de eternidade expressa em um poema de Arthur Rimbaud: A eternidade é o mar misturado ao sol! Se isso não passar uma sensação de eternidade, acho que poucas outras coisas passarão. Mas quero aqui falar de outra forma de eternidade: as fotografias!

Eu adoro fotografias! Não de tirá-las, isso deixo para pessoas que tem a alma na lente, mas de examiná-las. Para mim, não existe nada mais poético do que velhas fotografias: elas congelam no espaço e no tempo uma emoção que, de outra forma, ficaria perdida. Elas congelam pessoas que nos foram queridas. Elas congelam viagens e lugares que poderíamos esquecer. E, congelando estes momentos, elas nos tornam imortais! A fotografia é a verdadeira fonte da imortalidade! A fotografia nos duplica! A fotografia nos torna vários! Somos nós com várias faces, em momentos e estados de espírito diversos. O título de um romance meu reflete aquilo que eu penso: Somos Todos Velhas Fotografias! É isto mesmo que somos!

Na fotografia, nunca envelhecemos, nunca definhamos, nunca morremos. A fotografia congela no tempo os momentos felizes de uma vida. Na foto, aqueles amigos queridos ainda estão lá, copos na mão em um brinde luminoso, sob o reflexo de um sol de fim de tarde (eles não morreram e nunca morrerão. Eles nunca se afastarão da gente. A vida nunca os levará em sua corrente voraz). Na foto, nossos filhos ainda dependem da gente, e ainda somos para eles Deuses sagrados. Na foto, o amor é eterno e aquele beijo é sempre como uma primeira vez. Na foto, somos belos e nosso sorriso encanta a todos que nos cercam. Na foto, as pessoas que amamos estão sempre ao nosso lado, ao alcance de um abraço, e o futuro é apenas uma teoria.

Um dia, o que vai ficar daqueles momentos eternizados no tempo são somente lembranças, e estas lembranças, muitas vezes, são o único elo de ligação entre nós e as pessoas que amamos um dia, ou que ainda amamos mas não mais podemos alcançar. E a fotografia torna estas lembranças eternas! A fotografia nos eterniza! Encerro esta crônica com uma das mais belas músicas já escritas sobre o tema. Ela foi composta por Leoni e chama-se Fotografia. Ela é, antes de qualquer coisa, um belo poema:

“O que vai ficar na fotografia

São os laços invisíveis que havia

As cores, figuras, motivos

O sol passando sobre os amigos

Histórias, bebidas, sorrisos

E afeto em frente ao mar

E quando o dia não passar de um retrato

Colorindo de saudade o meu quarto

Só aí vou ter certeza de fato

Que eu fui feliz”.

Sérgio Idelano

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