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Uma Ode à Loucura

Alguém falou alguma vez que de médicos e loucos todos nós temos um pouco! E é isso mesmo? O que é ser louco? O que me define como louco? Ou como uma pessoa sã? Que argumentos nós temos para julgar alguém louco? Não serei eu o louco? Quais os parâmetros? Acho que no fundo mesmo, todos nós somos um pouco loucos, ou temos, no decorrer de nossa existência, momentos de loucura. E isto não é necessariamente ruim! Os dias, esses dias que despontam a cada manhã, esses dias que recheiam nossa existência, esses dias que percorremos em nossa estrada, do berço ao túmulo, são feitos de coisas boas e ruins, de momentos ensolarados e sombrios, de esperanças e desesperos. Nossos dias são tecidos com muitos retalhos, e é desses retalhos que temos que construir uma coberta. E nesses retalhos há muitas coisas que nosso vizinho consideraria loucura, ou atos impensados! Nossa vida é permeada de atos impensados!

Não precisamos sempre ser pessoas certinhas. Não precisamos fazer sempre o que os outros esperam que façamos. Não precisamos sempre ser exemplo para os outros. Não precisamos ser perfeitos. Não precisamos virar um exemplo para a sociedade. Não precisamos abrir mão de nossos sonhos e ideais em prol do sonho e ideal dos outros. Não precisamos, em suma, abrir mão de sermos nós mesmos! E graças a Deus por isso! Viver vai muito além de espelhar o que os outros esperam de nós. Viver é garimpar dentro de nós mesmos o combustível que nossa alma precisa, e às vezes é preciso de um pouco de loucura para ser feliz! É preciso, por exemplo, pensar como se tivéssemos 20 anos, mesmo que tenhamos o triplo desta idade! Pensar que podemos fazer projetos, mesmo que estes nunca saiam do papel. Pensar que podemos desperdiçar o tempo, mesmo que tenhamos tão pouco tempo na nossa vida! Pensar que podemos congelar sorrisos, esconder lágrimas e nem sempre se preocupar com as consequências de nossos atos. 

Que caibam em nós todos os sonhos do mundo, mesmo que a maioria seja apenas poeira no vento! Que caibam em nós as despedidas, e que elas não nos façam sofrer tanto! Que caiba em nós a perplexidade de quem pensa! Que caiba em nós a aprendizagem, mesmo quando falhamos! Que caibam em nós os grandes propósitos! Que caibam em nós nossas incertezas, loucuras e aspirações, mesmo quando não são nobres e lúcidas! Que caiba em nós o amor, e todos os que amamos, e todos os que fizemos sofrer! Que caiba em nós a velhice olhada no espelho, quando tivermos que encará-la! Que caiba em nós a consciência de estar existindo! Que caiba em nós a certeza da morte, a triste e inescapável certeza da morte! E, por fim, que caiba em nós a loucura!

Quero encerrar esta crônica com uma história que meu sogro contava sobre um louco que existia em sua cidade natal, quando ele era jovem! Este louco toda manhã cruzava a cidade em desabalada carreira, logo que o sol despontava no horizonte, gritando que ia pegar o sol. No final da tarde a mesma coisa, quando o sol estava se pondo, ele passava em sentido contrário em desabalada carreira. Voltava sempre, duas vezes por dia, suado e cabisbaixo. Mas no outro dia estava lá novamente, atrás do seu sonho, pegar o sol com as mãos! Isso pra mim é a maior personificação da loucura poética que já ouvi! Poesia pura! Espero que um dia este rapaz tenha conseguido chegar a tempo de agarrar o sol. Mesmo que no seu último momento aqui nesta vida, espero que ele tenha conseguido realizar seu sonho! Espero mesmo! E prefiro pensar que ele conseguiu, mesmo que vocês me achem louco por isso…

Sérgio Idelano

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