Alguém já parou para pensar em quantos sorrisos deixamos por aí, nas curvas da vida? Claro, não deixamos só sorrisos: deixamos também lágrimas, decepções e coisas negativas às vezes. Isto faz parte da difícil arte de viver e conviver. Mas quero falar de coisas boas! Quero falar dos sorrisos que plantamos ao longo de nossa vida! Das vezes que fizemos alguém sorrir. Não necessariamente gargalhar, porque fomos engraçados. Mas um sorriso, quem sabe um sorriso de canto de boca, daqueles que iluminam os olhos e faz você pensar que foi especial para alguém naquele momento. Há uma infinita variedade de sorrisos. Porque cada sorriso é único, é pessoal, como as digitais, que nos caracterizam, que nos tornam especiais. Há sorrisos luminosos, há sorrisos charmosos, há sorrisos tristes, há sorrisos cheios de rancor, há sorrisos que são pura ironia. Há sorrisos a serem temidos. Há sorrisos apaixonantes. Podemos nos apaixonar por um sorriso.
A vida é abstrata, um roteiro por vezes anárquico, permeado de concretudes e realismo fantástico. E neste contexto, há momentos que duram para sempre, embora sejam apenas momentos. Há coisas que deixam marcas, e que aconteceram há tanto tempo! E é aí que os sorrisos moram, os sorrisos que plantamos na face de alguém, ontem ou às vezes há muitos anos, muitas décadas. Sorrisos que plantamos em pessoas que nunca mais vimos. Sorrisos que plantamos em pessoas que só vimos aquela única vez! Não lembramos mais da cara desta pessoa, mas trazemos aquele sorriso que ela deu para você em uma manhã nublada e esquecida há 40 anos! Sorrisos que traduzem tanta coisa, que nos acompanham por tantos anos! Sorrisos que perduram mesmo muito tempo depois que se extinguem!
Eu prefiro pensar que uma parte de nós tem a idade que queremos ter, e é indiferente às marcas que o tempo deixa em nosso exterior. E esta parte de nós, eternamente jovem e sedutora, vive para sempre dentro de cada sorriso que plantamos na face de alguém. Porque aquele sorriso nos acompanha. Aquele sorriso que brotou de uma face, às vezes meio tímido, às vezes meio sem querer sair, às vezes contrafeito, ele foi espontâneo. Ele não foi falso ou artificial. É aquele sorriso, são todos aqueles sorrisos que plantamos, que vão nos acompanhar, que nos tornam especial. Somos eternamente responsáveis pelos sorrisos que plantamos durante nossa vida!
É por isso que quando eu, mesmo após tantos e tantos anos de convivência cotidiana, percebo minha mulher sorrindo algum sorriso bobo por alguma coisa que eu disse ou fiz, tenho a certeza absoluta que algumas coisas podem sim ser eternas…
Sérgio Idelano